Depois das Estradas
No Passo do Tempo (2006)
Marcelo Oliveira
Plantei sonhos por aqui
Andejei, não me perdi
Vim no rastro da saudade
Por sinuelo, estas choronas
Feiticeiras dos caminhos
Abrindo rastros no vento
O aço das nazarenas
Foi meu rumo pelo tempo
Parti levando de tiro
Esperanças galponeiras
Além de um mouro prateado
Que apartei nas campereadas
Meu tostado tinha ganas
De estender a estrada
Sabia que pra um andejo
É o horizonte e mais nada
Colhi ventos gelados
Nos cardos do bichará
E o mormaço veraneiro
No pano branco do pala
E vi a noite mais bela
Quando guardei um olhar
Olhar que, em pratas de lua
Vem me pôr a guitarrear
Hoje um sol de ressolana
Me descobre, pensativo
Armo um verso orelhano
Com resábios de povoeiro
Redescubro os argumentos
Desta paixão morena
Que tem a forma querência
E o coração do meu pago
Outros sóis virão depois
O que queima no janeiro
Outro que é outoneiro
O que apaga na inverneira
E as luas velhas, inteiras
As meias-luas, no mais
Me encontrarão desquinando
Outros versos neste lugar
Colhi ventos gelados
Nos cardos do bichará
E o mormaço veraneiro
No pano branco do pala
E vi a noite mais bela
Quando guardei um olhar
Olhar que, em pratas de lua
Vem me pôr a guitarrear