Baile Nativo
Gildinho: Meu Desenho (2010)
Os Monarcas
(Volnei Gomes / Éder Oliveira Nativo)
Quando o sol baixa, trazendo a noite matreira
E o choro da três ilhera´ me enfeitiça o coração
Chega às cacharpas num bagual de queixo atado
Que nestes campos dobrados anda encurtando o rincão
Poncho assoleado na garupa do azulego
Garantia de sossego se a chuva chegar de fato
Sombrero negro desabado das arage
E um facão véio selvage prum modo de um desacato
Estrada afora batendo espora e estribo
Se tiver baile nativo já me apeio na ramada
Deixo o matungo se escorando na maneia
E o clarão da lua cheia, contemplando a madrugada
Na estância véia tem serviço o mês inteiro
Mas na folga de domeiro deixo a canseira na sanga
E ganho o mundo no compasso das chilenas
Pra bailar com uma morena dos lábios cor de pitanga
As rosilhonas vem sovada´ do serviço
Mas conhece´ o reboliço se a polvadeira levanta
Abano o pala bailando milonga e tango
Que eu me adono do fandango depois dum samba com fanta
Estrada afora batendo espora e estribo...
A noite grande se debruça na cancela
E as esporas tagarela´ no garrão da gauchada
Ponchos e capas dependurados num gancho
Na varanda em frente o rancho, negaceando a madrugada
Chora a cordeona no seu último suspiro
E eu, que nem pingo de tiro, vou pras casa´ do povoeiro
Com a morena que caiu no meu agrado
Que eu sou loco de aporreado, mas gosto de andar faceiro
Estrada afora batendo espora e estribo...