Amanheço galponeando, garroteando alguma pena
Por que sei que nesta pampa, ainda tem muito pavena
Enquanto a cambona aquenta, passo um fio na minha chilena
É balda antiga que eu tenho e que agarrei já taludo
De medir força de mano com velhaco e cogotudo
Pois é diversão mais linda, que deus fez pra um crinudo
Se sai cuspindo nos pulso, fazendo aquele alvoroto
Atiro o caixão pra trás, grudo-lhe o mango no potro
E como quem bate roupa dou de um lado e depois de outro
Me agrada a lida de campo, capação, banho e refugo
Lidar com eguada xucra, das que não conhecem jugo
Tapar de rodilha o maula, fazer da volta o sabugo
Ou num plaino de varzedo por gauchada de moço
Sair de enfiada num osco abrindo o peito em retoço
Cruzar o rastro e botar o laço no fervido do pescoço
Noite escura não me assusta, em qualquer furna eu me meto
Não tenho medo de assombro, nem que seja um esqueleto
Já peleei com o diabo velho montado num chibo preto
Um baile em costa de mato, la pucha como faz bem
Se o santo padre soubesse o gosto que isso tem
Abandonava a igreja, vinha pra farra também
Sou parte desse universo, grama destas pradarias
Quando o cambicho empandilha desejos e nostalgias
Boto as garras no meu mouro e percuro as alegrias
Pava
Mânha.
Inconfiável.
Espécie de açoite.
Apero (acessório) trançado de couro cru, composto de argola, ilhapa, corpo e presilha.
Prato da culinária gaúcha, criado pelos escravos de Estâncias e Fazendas.
Apego ou paixão por uma china, ou por um peão.