INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Gateada Madrinha

Luiz Marenco

CD Interior (2003)

Vinha o sol de bico aberto no canto de um galo novo
E a manhã fazendo pouso lá por detrás do capão
A indiada apertando a cincha, num bate-bate de argolas
E um choro fino de esporas, como clarim do galpão.

Eguada de cria ao pé, com sereno no topete
Que clareou costeando o brete, talvez pressentindo o chão
Cada tordilha mais linda, umas chucras, outras mansas
E um cusco que é das confianças pra lidar com a criação.

Num grito de - abre a porteira - tropilha se
esparramando
A potrada se trompando contra as éguas na saída
Mais lembrava um olho d`agua , que da terra ia surgindo
E serpenteava sumindo, por entre a várzea comprida.

No lombo de um zaíno louco, sestroso e passarinheiro
Um campeiro abria o peito, entre a poeira e o tropel
Até previa o momento que o maula fosse sentando
Renegando de um zurrilho, que a dias se foi pro céu.

Um cincerro no pescoço, num costado musical
De uma gateada cardal, madrinha por experiência.
O capataz bem de longe, num bico branco calçado
Parecia um delegado, nos setembros da querência.

Talvez tivesse na idéia, mirando campo e estrada
De soltar essa gateada na frente de uma tropilha
Pra invernar n`algum rincão, os tubunas do poder
Que fazem o povo sofrer, taperando estas coxilhas.

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SERENO

Orvalho.

CUSCO

Pequeno cachorro (o mesmo que guaipeca).

PORTEIRA

Espaço seccionado numa cerca.

TROPILHA

Coletivo de cavalos.

CAMPEIRO

Vivente que monta bem e é hábil no serviço de campo.

MAULA

Vivente que não devemos recomendar.

CAPATAZ

Segunda autoridade de um estabelecimento rural (Estância, Fazenda ou Grânja), de uma Tropa ou de uma Charqueada.

POVO

Vila, distrito.