A tarde recorre um ano
carqueija e caraguatá
na corticeira um sabiá
floreia o último canto
alargando o gargarejo
da sanga que se desmancha
a um eco pedindo cancha
no primitivo falquejo
a lua nasce num beijo
prateando o lombo do serro
e um grilo acorda o cincerro
do meu retiro de andejo
paisagens de campo e alma
perdidas no vem e vai
soluços do uruguai
que bebe lua e se acalma
a noite passa, a mão salva
com ela vem a saudade
olfateando a claridade
das brasas da estrela d´alva
nascem rugas no semblante
paisagens da natureza
que a força da correnteza
não pode levar por diante
então exigem que eu cante
quando me encontro desperto
mas sempre que chego perto
meu sonho está mais distante
paisagem de sombra e luz
como é que pude perdê-la
ficaram as cinco estrelas
fazendo o sinal da cruz