(Letra: Salvador Lamberty | Música: Valdomiro Maicá)
Veio a tarde escarceando pelos montes
E o sol cansado agoniza no horizonte
Como a esperança, que se enreda em noite escura
Preparei um mate escutando um missioneiro
Me dizia que o povo brasileiro, já cansado de tanta maracutaia
Pede um canto, denunciando a tal gandaia
E os desmandos de um poder sem compostura
Seu Valdomiro, o povo anda indignado
Com plenários pra quinhentos deputados
Meia dúzia e um sujeito discursando
A maioria vira as costas pra tribuna
Vão proseando e gargalhando esses tubunas
Mas por que, então, de cada estado
Não se elegem, tão somente, dois deputados
Eliminando os caçadores de fortuna
Coisa feia os maus exemplos do planalto
Mesmo no abafa, um desfalque por semana
Denegrindo ainda mais a alma humana
De quem rouba a confiança dos incautos
Pela gula das benesses de uma casta
Se soubesse o nosso povo o quanto gasta
O poder de ponta a ponta, dava um basta
Derrubando do poleiro, esses arautos
Os anseios deste povo estarrecido
Buscam tanto uma tal moralidade
E que os crimes envolvendo autoridades
O poder seja o primeiro a elucidar
Deputado se elege pra legislar
Jamais para ser dono do orçamento
E na ética de todo o parlamento
A certeza do exemplo e probidade
Se quem rouba é o mesmo que investiga
Nesta marcha o tribunal até periga
E os bandidos vão julgar os seus comparsas
Seu Maicá, agarra a viola e ajuda o povo
Anuncia, em teu cantar, um tempo novo
Na branca paz estampada pelas garças
Nosso Rio Grande tem o chão mais brasileiro
Anexado à pátria a cascos de cavalo
Lança um brado, que não quer mais ser vassalo
Quer a glória, a realidade de quem sonha
Dá o exemplo e escancara o teu sigilo
O homem honesto nada esconde, é tão tranquilo
Para esta gente faltam cadeia e a vergonha