A madrugada, que hoje morre calma
desassossega o pobre coração
de um cantor que expõe a alma
em cada verso de sua canção.
numa lareira a labareda arde,
tremula imagens dentre a escuridão
e vai secando sem fazer alarde
as notas tristes que chora o violão.
não pode um peão manter a quietude
se a distância lhe reparte o leito
lamenta, embora a aparência rude,
quando a saudade lhe invade o peito.
e a madrugada, que agora, finda
ecoa rouca a voz do cantor,
há uma lágrima que teima, ainda
beijar-lhe a face tão febril de amor.
talvez o mundo ao se fazer vigente
- como a ensinar o errado e o certo -
fez a distância para que a gente
seja consciente do valor do perto.