Mary é claro você lembra
Como eu me lembro também
Os tempos se vão além
Mas deixo pra eternidade
Gravado em nossa lembrança
De nós dois quase criança
Repontando a mocidade.
Em abril de sessenta e um
No começo da carreira
Você deixou a fronteira
Saímos Brasil afora
Partiu dizendo qua ia
Levar comigo alegria
Com a sanfona sonora.
Do Rio Grande pra São Paulo
Da Bahia ao Ceará
Da Paraíba ao Pará
De Minas pra Mato Grosso
Vestida de prenda ao luxo
E eu trajando de gaúcho
Lenço vermelho ao pescoço.
Os empresários vendendo
Nossos shows por toda a parte
E nos dois levando a arte
De carro, trem, de avião
Enfrentando a própria morte
Mas graças a Deus por sorte
Restou a compensação.
Hoje, dois, três nos criticam
Chamam nós dois de ricaço
Não sabem a dor o cansaço
Pra ganhar esse pé de meia
Vem ser nosso testemunho
Não mate a pulga com a unha
Não critiquem a vida alheia.
A glória depois da guerra
A vitória é de quem vence
A quem perde não pertence
O sorriso da bravura
Lutes, não percas a crença
Não haverá mais doença
Depois que o remédio cura.
Mary ficou na lembrança
Os trabalhos que passamos
E o que foi que nós ganhamos
Pra comemorar agora
A fama de um povo nobre
O amor do rico e do pobre
Que os nossos versos adora.
Somos autênticos no verso
Como a altitude da serra
Nós temos cheiro da terra
Deste Brasil nacional
E sem querer botar banca
A Mary ainda é mais potranca
E eu ainda mais bagual.
Fim.