O canoeiro do mar bravio
não teme o frio
fome, nem sede
enfrenta a morte atrás do peixe
faz o desfeche
da própria rede
o canoeiro dos mares
o pescador sorridente
deixou a praia e zarpou
numa manhã muito quente
o temporal se armou
levando o mar pela frente
a àgua rompeu na proa
o vento virou a canoa
do canoeiro valente
o canoeiro tentou voltar
lutou com o mar
mas não venceu
quebrou o barco
caiu na àgua
cheio de mógoa ele morreu
a mulher do canoeiro
foi prá praia neste instante
olhava o céu e clamava
senhora dos navegantes
quando rezou era tarde
as ondas do mar gigante
mandou de volta a canoa
quebrada da popa à proa
sem o corpo do amante
o canoeiro já não existe
ficou tão triste sua mulher
criando os filhos prá lá e prá cá
pois seja lá o que deus quiser
hoje na praia deserta
a amulher faz paradeiro
toda vestida de luto
rezando prá o companheiro
atira a rede na àgua
prá ganhar menos dinheiro
coitada não tem canoa
prá sustentar sua pessoa
e os filhos do canoeiro