Mandei que trouxessem o “maula”, o mais xucro da tropilha,
Que andava solto no campo, cortando volta da encilha
Caborteiro, mal domado, desses ventena e “veiáco”,
Que ao sentir peso no lombo, costumava extraviar os caco
Não sou de contar com a vida, nem sou de dobrar o tirão,
Não tenho medo da força, dos golpes de redomão
Repontaram pra mangueira, o “maula” xucro tremia,
Me olhando de atravessado, como quem me conhecia
No balanço do “corcovo”, só Deus sabe o que vai ser,
Se tu não me der trabalho, eu não te faço sofrer
Por mal é pior pra nós dois, por bem seremos parceiro
Vai ser tu, não vai ser outro, Te apartei pra ser meu potro, nesse ofício de campeiro
Saltei no lombo do guacho, me benzi, fiz uma prece,
Joguei o caixão pra trás, pra aguentar o sobe e desce
Soltaram, eu baixei-lhe mango, que ao longe ouvia o estouro,
As esporas cortadeiras fazendo estrago no couro
Foi pra já que acalmou-se o “maula” do lombo arcado,
Precisava de uma sova pra deixar de ser lasqueado
Hoje manso pelo fino, tratado na estrebaria,
Meu parceiro dos arreios, nas lidas do dia-a-dia