Finda a manhã de sol quente no janeiro
E o ovelheiro busca a sombra do galpão
Vem assoliado de um aparte de rodeio
Enquanto apeio e desencilho o redomão
Tiro dos queixo o bocal de couro cru
E o basto Paysandu molda o cavalete
Quem sabe hoje se apequene a estiada
Numa chuva anunciada lá pras bandas do Alegrete
Água no lombo da cavalhada da encilha
O rádio de pilha no compasso da chamarra
Imagem linda, mais um dia de verão
E no oitão os guaxos fazem algazarra
Água no lombo e a cavalhada na soga
O peão afoga o calor num gol de canha
Que contra o mate vai fazendo um costado
Assim me agrado dessa vida de campanha
Meia tarde vem chegando a recolhida
De pronto a lida chama prá invernada
Revisar uns boi, tá pintando o carrapato
E o mulato tirá uns pulo na gateada
Boi cruzado de zebu com polhango
Tala de mango prá um refugo caborteiro
Volta tranqueada e o capataz vai ao trote
Juntar um lote de borregos no potreiro
Água no lombo busco a volta e tiro o freio
E o tempo feio se arma num vento norte
Junto os pelego que deixei estaqueado
Pois sei o lado de onde vem a chuva forte
Água no lombo mais um dia que se acaba
Tapeio a aba do sombreiro prá o horizonte
Tá com jeito de que amanhece chovendo
Seria bom ta prometendo a dois ontonte
Tipo de arreio.
Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.
Só é mate se tiver algum jujo (chá) junto com a erva.
Mistura de mais de uma raça; também se diz de um cavalo calçado em diagonal.
Espécie de açoite.
Segunda autoridade de um estabelecimento rural (Estância, Fazenda ou Grânja), de uma Tropa ou de uma Charqueada.
Antes de ontem.