Flavio Mattes
Nada faz com que eu me zangue ou desanime
Ganhei do campeão do mundo sem ter um time
Perdi mais de trinta quilos e não fiz regime
Apaguei o lampião sem cometer crime.
Beijei a boca da noite sem compromisso
Saravá que era pra mim quebrei o feitiço
Pra quem me tirar pra bobo eu dou serviço
Amizade dos amigos não desperdiço.
Todo pau que nasce torto não endireita
O alho já veio ao mundo cabeça feita
Pra fazer versos bonitos não tem receita
É só trazer para mim que a gente ajeita.
Botei luva de pelica na mão pelada
Dei um pulo até o sol mais de madrugada
Lutei com braços do mar ganhei a parada
Só com dedo endireitei a curva na estrada.
Na beira da praia um dia armei a barraca
Numa forte ventania e não pus estacas
O macaco do meu carro não tem macaca
Com uma lima bem madura afiei a faca.
Cachorro do pólo norte nunca fui quente
A boca do meu violão nunca teve dente
Cobra nunca foi escova e só serpente
O operário acreditou...... virou presidente.