Joguei o sonho na cacimba funda
Buscando a seiva das lembranças ternas
Provei um pouco do que vi do mundo
E que o silêncio desse poço inverna
Se vai o tempo beliscando o vento
Nas crinas longas d'algum potro fera
Uma saudade que remói por dentro
E um rosto lindo que ficou na espera
A cada gole dessa seiva pura
Surge a candura de um momento eterno
Um beijo claro pela noite escura
Um fogo aceso para o meu inverno
E segue o tempo beliscando o vento
A cada gota que essa seiva traz
Adaga rubra de loucura e medo
Guitarra plena de poesia e paz
As tantas cores do viver de um homem
Das tantas flores que plantou na estrada
Vão desbotando e algum dia somem
Matando a sede nessa estranha aguada
Enquanto o sonho tomba poço adentro
O homem sente que é chegada a hora
Não mais que a vida se entregando ao vento
Não mais que o vento nos levando embora