Apertei o nó do lenço
Me arremanguei até o joelho
Ajeitei bem a melena
Depois me olhei no espelho.
Entrei prá dentro da sala
Cheia de prenda lindaça
E uma acordeona roncava
Entre a poeira e a fumaça.
Gritava o dono do rancho
"dê - lhe boca no teclado"
Com o chapéu sobre a nuca
E um pala velho atirado.
O salão ferveu de gente
Se guasqueando pros dois lados
Todo mundo corcoveando
Que nem chibo empanturrado.
O gaiteiro era dos buenos
E acalcava o vaneirão
Eu sai marcando passo
Bem no meio do salão.
Com uma chinoca nova
Uma beleza de figura
Que até parece que tinha
Uma mola na cintura.
O fandango pegou fogo
E a gente não se governa
Eu sai com aquela china
Se acavalando em minha perna.
Aqueles cabelos negros
Chegavam me dar laçaço
Quase igual a um pano preto
Se estendendo no meu braço.
O salão ficou pequeno
Sobre o piso ressequido
E eu conversava com a prenda
Cochichando no ouvido.
Mas que chinoca lindaça
Oigalê potranca louca
Me chama de meu cusquinho
E me cospe no céu da boca.
Quando o sol meteu a cara
Montei ligeiro num upa
Quando o sol meteu a cara
Montei ligeiro num upa
Sai assoviando fachudo
Com uma estrela na garupa.
Quando o sol meteu a cara
Montei ligeiro num upa.
Jóia, relíquia, presente (dádiva) de valor; em sentido figurado, é a moça gaúcha porque ela é jóia do gaúcho.
Poncho leve de seda (para o verão), de algodão (para meia-estação) e de lã tramada ou bixará (para o inverno).
Guria que se pilcha de bota e bombacha ao invés do vestido de prenda, prenda que passou dos 30 anos.
Denominação genérica do Baile Gaúcho.
Guria que se pilcha de bota e bombacha ao invés do vestido de prenda, prenda que passou dos 30 anos.