Letra: Anomar Danúbio Vieira
"Me acomodei numas pilcha' nova' e larguei pro bailão do Anastácio na minha querida Santana do Livramento. Cheguei na frente, tinha um regional véio' mais ou menos deste jeito. Entrei, e como todo perdido que gosta de molhar a palavra, me fui pro rumo da aguada:
-Quer com Vodka ou com Canha, moço?
Me perguntou a bolicheira quando eu me oitavei na copa tranquilo, pedindo um Samba.
-Com canha, por obséquio, já que a plata é uma escassez. Me desculpa o desacato, é que sendo mais barato, quem sabe, tomemo' uns três."
A cordeona resmungava
As morena' se cruzavam
Vez por outra, me bombeavam
Por causa, sim, das minhas pilcha'
A rastra e a bota igual, lenço de seda encarnado
O pala branco oriental, sobre o jaleco bordado
Camisa meio social de um negror acetinado
Bombacha gris de tergal cheia de favo dos lados
A faca e o chapéu grande, deixei na entrada da festa
Pois sei o baile que presta e a respeitar o ambiente
É costume da minha gente se pilchar bem a preceito
Que até um feio agarra jeito e se acomoda de frente
E a noite corria frouxa, gaita, violão e pandeiro
Nisso, um olhar mais matreiro que me campeava angustiado
Me encontrou ainda oitavado, sem mais ninguém por testigo
Por estas coisas que eu digo: -Hay que se andar bem pilchado!
A rastra e a bota igual, lenço de seda encarnado
O pala branco oriental, sobre o jaleco bordado
Camisa meio social de um negror acetinado
Bombacha gris de tergal cheia de favo dos lado'
Me encorajei pra uma marca numa vanera bocona
E fui tirando esta dona que me mirava indecisa
Se era o negro da camisa ou o encarnado do lenço
Que lhe causava desejo, a explicação, não precisa
E o pala abanou na volta na cintura da morena
Que dançou na cantilena que se dá embaixo da quincha
A conquista vem na cincha e o resto é pura bobagem
Que a metade é da coragem e outra metade é das pilcha'
A rastra e a bota igual, lenço de seda encarnado
O pala branco oriental, sobre o jaleco, bordado
Camisa meio social de um negror acetinado
Bombacha gris de tergal cheia de favo dos lado'
A cordeona resmungava
As morena' se cruzavam
Vez por outra, me bombeavam
Por causa, sim, das minhas pilchas