Letra: Sérgio Carvalho Pereira
Recorro o campo sozinho
Nem carculo' há quanto tempo
Quando em quando um assoviozinho
Se vai perdido no vento
Quietude nestas jornadas
E a alma não se machuca
As vozes das invernadas
Sem silêncio, não se escuta
O arroio canta pra pedra
Pra noite, o grilo nochero
O arado fala com a verga
E a estrela, com o caborteiro
Campo tem voz de porteira
De retoço da manada
Tem vento que chama poeira
E o mormaço à manga d’água
Chuva no poncho da sanga
Rufar de pala de seda
Canta o Sabiá pra pitanga
E o angico, pra labareda
É lindo o ranger do arreio
No escurão da noite cega
E o vento, sul de floreios
No encordoado das macegas
E o vento, sul de floreios
No encordoado das macegas
Quieto, cruzando o potreiro
Quando a manhã se perfila
Passo escutando o barreiro
Saudando um rancho de argila
Guabiju, Ariticum
Range o rodado e se foi
A voz do homem comum
É o tempo chamando o boi
Tropel em várzea encharcada
Mareta beijando a taipa
Na aragem da madrugada
Cruza um sussurro de gaita
"Com esse assovio antigo
E os cascos sonando o pasto
Meu mundo fala comigo
Pelos fundões d'onde eu passo
Não pense que eu sou sozinho
Que são triste' os dias meus
Ouço juras e carinhos
Desses campos de meu Deus"
Recorro os campos solito
Nem carculo' há quanto tempo
Quando em quando um assoviozito
Se vai perdido no vento
Quietude nestas jornadas
E a alma não se machuca
As vozes das invernadas
Sem silêncio, não se escuta
As vozes das invernadas
Sem silêncio, não se escuta
Quentura de sol abrasador, geralmente após uma chuva de verão.
Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.
Poncho leve de seda (para o verão), de algodão (para meia-estação) e de lã tramada ou bixará (para o inverno).
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.