Letra: Eron Vaz Mattos
Cordeona que andou nos tentos
Nas cruzadas guerrilheiras
E trás dos botões muy gastos
Rastros da história campeira
E um canto chão de saudade
No coração das ilheiras
Um antigo contramestre
Em meio do pastiçal
Dos nobres campos da arte
Onde brota o manancial
Dos que cantam a verdade
Da cultura regional
Chegada do velho mundo
Se acrioulou por aqui
Na vastidão destes campos
Nos rincões onde nasci
Te juro, se eu fosse poeta
Faria um poema pra ti
Valioso e xucro instrumento
Aninhado em braços rudes
Emitindo sons tão lindos
Qual um remanso de açude
Quando os acordes se adoçam
Para nutrir as virtudes
Quando ouço nostalgias
Em tua voz, me comovo
São vibrações de antaño
Voltando a cena denovo
Com os sentidos, lamentos
Das agruras do meu povo
Muitos tem, dentro de si
Uma cordeona que chora
Que faz brilhas, por talento
Matizes que a alma aflora
Pelechando melodias
Que ressoam campo afora
Com ar de pampa no fole
Soltas um som genuíno
Que se ouvirmos de longe
Ganha o tamanho de um hino
Mas, quando nos toca a alma
É um acalanto divino
Tenho gaitas e esporas
Mimando o pêlo da essência
Aromas de campo aberto
Me sustentando a consciência
E este meu jeito orelhano
Que me fez jus à querência
Selvagem.
Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).
Pelagem (cor dos pêlos) de animais.