(Gujo Teixeira/Érlon Péricles)
Tava eu e o gaiteiro, o dia clareando e ninguém arredava
Quanto mais nós tocava, mais gente na sala parava pra ver
Era polca e vaneira, milonga, uns valseado'
Não ficavam sentado' se a gaita se abria num bom chamamé
Tava eu e o gaiteiro, a morena mirando e ninguém afroxava
Quanto mais ela olhava, mais logo eu queria ver o baile no fim
Era um véio com a véia, uma linda com feio, o salão tava cheio
E aquela morena de alma serena esperando por mim
Tava eu e o gaiteiro, eu já vinha cansado de florear o meu pinho
Vinha nós dois sozinho', mas quem é da coisa em seguida acostuma
Nós pedimo' desculpa, mandamo' uns abraço e no mesmo compasso
Que uma saideira ergueu mais poeira e pediram mais uma
Tava eu e o gaiteiro, meu compadre de fé
Cinco hora' de baile, o romance pegando, era só chamamé
Tava eu e o gaiteiro, meu compadre de fé
Pra quem toca nos bailes, sobra pouco tempo pra arranjar muié
Tava eu e o gaiteiro e assim, de soco, paremo' as vaneira'
Foi aí que a poeira no balcão da copa mais alto subiu
Foi um deus nos acuda, se armou a lambança
Não pararam com a dança e foi neste momento que a gente saiu
Tava eu e o gaiteiro, a morena foi junto, largamo' ligeiro
E naquele entrevero pegamo' as tralha' e saltemo' pra rua
Fomo' fazendo as conta', largamo' parelho, laçaço de relho
Uns pila' e mais nada e a morena abraçada bombeando pra lua
Tava eu e o gaiteiro e aí, de vereda, mandei ele embora
E firmei as espora' no rumo das casa' no tranco do pingo
A manhã vinha vindo, meu rancho em sossego, ela no' meus pelego'
Com pala tapada, sonhava acordada clareando o domingo
Tava eu e o gaiteiro, meu compadre de fé...