Venho ferido de um pontaço de chamarra
Quando me agarra, vai direto ao coração
Não caio ao chão no aço branco das guitarras
Que eu sou benzido à canto e brasa de galpão
Eu escutei a liturgia da verdade
Bem quando a prima reza o terço co'a bordona
Um verso antigo, uma chamarra de cordeona
Nas mãos de terra do velho Armando Trindade
Um verso antigo, uma chamarra de cordeona
Nas mãos de terra do velho Armando Trindade
A mão do laço, mão do arreio e do buçal
Couro com couro sovado à golpe e tirão
Só mesmo a terra pra abençoar tuas mãos
Fazer tocar o cantochão fundamental
Som do teu canto misturado ao som da gaita
Cruzavam a taipa do açude grande da frente
Faziam eco na floresta da tapera
E se aquietavam no fundo d'alma da gente
Faziam eco na floresta da tapera
E se aquietavam no fundo d'alma da gente
Que escola rude e barbaresca tu cursavas
Que te levou a emparceirar com essa cordeona
Gaita que afina pelo tom das mamangavas
Vento cantando pelos buraco' das tramas
Quem te assobiou, chamarrita tão antiga
Quando voltavas de uma lida ou de um bolicho?
Quem atirou nas tuas mãos este feitiço
Que te pegou para durar por toda a vida?
Quem atirou nas tuas mãos este feitiço
Que te pegou para durar por toda a vida?
Hoje, eu de rancho escorado na cidade
Miles de poetas e cantores por aqui
Mas o que escuto é a gaita bugra do Trindade
Marcando o tempo no interior do Cacequi
Mas o que escuto é a gaita bugra do Trindade
Marcando o tempo no interior do Cacequi