Destapou lá na coxilha
Volteando as cova' de touro
Vinham dobrando flechilha
Quatro rosilho' e três mouro'
Duas égua' douradilha'
Vêm se assustando da sombra
E um baio da anca redonda
Pintando o suor nas virilha'
São baguais destas estâncias
Entregues pro Coraldino
Que conhece a circunstância
De balda, xucro e ladino
Amansador das estradas
O último domador
A vida num maneador
Num par de rédeas, mais nada
Encerrou a cavalhada
Chiflando ao trote estradeiro
D'um ruano marca borrada
Recém agarrando o freio
Desdobrando o maneador
Travesseiro dos arreio'
Perguntou pro Artidor
Pelos bagual' de janeiro
"Pra bem de achar os atalho'
Foi demarcando a fronteira
Com a milhã da basteira
Furada a suor de cavalo"
Logo justou com o patrão
Pegar um zaino cabano
Duas lobuna' e um lazão
Serviço pra quase um ano
Pra pagar depois do enfreno
Um salário por bagual
Desses escrito' em pequeno
Nas livreta' dos mensual'
De manhã, puxou de baixo
De tarde, galopeou os potro'
Sem nunca frouxar o braço
Um bagual depois do outro
Duas semanas de lida
Com a doma bem adiantada
Botou os redomão' na estrada
Pra amansar à moda antiga
Na estância, não voltou mais
Um dia trouxeram os pingo'
Cavalos de apartar touro
Depois, passear num domingo
Uns dizem: -Trocou de ponta
Outros, que foi manotaço
Pra mim, que sem se dar conta
O pala apagou seu rastro
Destapou lá na coxilha
Volteando as cova' de touro