(Zé Moraes)
Eu vou te contar, parceiro, onde é que eu fui criado
Nasci num fundão de campo, num rincão abagualado
Terra de pinheirais e campos de muito gado
Deus me deu o privilégio, nascer neste chão amado
Ando bem firme no arreio, não me derruba lorota
Braço grudado na rédea, no estribo só o bico da bota
Eu amo a minha terra com muita garra e civismo
Os mandamentos de deus aprendi no catecismo
Meu linguajar é campeiro, não me rendo ao modernismo
O que falo eu aprendi no dicionário do xucrismo
Ando bem firme no arreio, não me derruba lorota
Braço grudado na rédea, no estribo só o bico da bota
Nas coxilhas do meu pago o vento que sopra as melenas
É o mesmo que balança o cabelo das morenas
Traz o perfume das loiras, das grandona' e das pequenas
Leva e deixa saudade de um olhar que me condena
Ando bem firme no arreio, não me derruba lorota
Braço grudado na rédea, no estribo só o bico da bota
Não sou mais do que ninguém, mas também tenho meu valor
Dobro o joelho e digo amém só pra deus, nosso senhor
Sou um poço de bondade, na razão sou peleador
Não vivo de elogios, aceito se sincero for
Ando bem firme no arreio, não me derruba lorota
Braço grudado na rédea, no estribo só o bico da bota
Lugar isolado em fundo de campo.
Lugar em que se nasce, de origem
Calçado com cano (curto, médio ou longo), feito de couro.