Antes que o primeiro galo
Cante no angico do oitão
Bombeio um sangradorzito
Pingar graxa no tição
Dou de mão numa oito soco
E enquanto o sol não levanta
Um lote de marca antiga
Relincha na m’ia garganta
Maula que se escarrapacha
Corcoveando campo fora
Eu faço trocar de ponta
E depois levanto na espora
Pra defender um parceiro
Dobrei muito touro a pealo
E pra honrar o nome que tenho
Eu nunca maltratei cavalo
Caso cruze num ranchito
Onde tem gaita se guasqueando
Fico igual bagual na estaca
Que passa a noite arrodeando
Fiz do cavalo meu trono
De templo ergui este galpão
De hóstia fiz esta cuia
Correndo de mão em mão
Em cada manhã campeira
Levanto e beijo este chão
Peço licença pra Deus
Abro a gaita de botão
E boto pra fora o Rio Grande
Que eu tenho no coração
Uso um tirador comprido
E um lenção velho pacholento
Igual bandeira farrapa
Se manoteando no vento
Se for preciso peleio
Também meu sangue derramo
Pela honra e a liberdade
Desta querência que eu amo
Eu sou um índio desta terra
E ainda não nasceu quem mande
Na alma do povo gaúcho
E no coração do Rio Grande
Quando Deus pai me chamar
Pra peão da estância divina
Me vou de chapéu tapeado
Levando junto uma china
Coa chinoca na garupa
Vou entrar no céu azul
Num bagual delgado e lindo
Igual o Rio Grande do Sul
excelente, bom, ótimo ou cavalo xucro
Avental de couro; pilcha exclusiva de serviço.
Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.
Vila, distrito.
Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.
Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.
Guria que se pilcha de bota e bombacha ao invés do vestido de prenda, prenda que passou dos 30 anos.