(Miro Saldanha)
Eu vim pra quebrar a taça e pisar os cacos.
É hoje, no taco-a-taco, que eu abro o saco e o motivo.
Eu não quero desistir de ser brasileiro,
Do meu Sul guerreiro, nativo.
Mas vivo me defendendo, meio acuado.
E a pátria, do meu costado, bandeou pro lado inimigo.
Parece que só o que conta é pagar a conta
De quem não conta comigo.
REFRÃO
É fácil brincar de mãe, sem sofrer o parto;
Se o leite, brota do farto seio da urna.
O duro é velar o sono onde a morte sonda,
Em sua ronda noturna.
É fácil chamar de mãe quem oferta o peito
Que amamenta alguns eleitos, longe das vilas;
O duro é chamar de pátria quem não socorre
Quem morre nas filas.
A Pátria que eu tanto amo me vira o rosto.
Eu luto contra o desgosto, a cada imposto que dobra.
A indústria da vida fácil dorme comigo
E o que eu consigo, me cobra.
Metade dos que eu sustento nem é parente!
Folgado que não tá doente, tá bem dos dentes que eu sei.
O prêmio de quem trabalha é bancar o bobo
Do roubo e da lei.