Me de licença meus amigos peço de chapéu na mão
venho de um alonga jornada cortando léguas de chão
vim pra cantar nesta festa a convite do patrão
vou desencilhar o pingo dotado de inteligência
mas de tanto cavalgar esta perdendo a paciência
descanse que amanhã cedo vamos pra outra querência
não tem noite, não tem dia, não tem frio, não tem calor
nasci pra viver cantando no oficio de cantador
o patrão mandou tocar e já tirou uma guria
passava por mim dançando e de vez enquanto dia dizia
vai tocando que eu te pago no final da cantoria
me pediu que eu cantasse a décima da mula preta
fiquei cantando e tocando e piscando pra marieta
puxe o fole seu gaiteiro que eu vou te dar uma gorgeta
atirei o pala pra trás, tapeei o chapéu na testa
arranjei uma namorada espiando pela fresta
e recebi um convite pra cantar em outra festa
agradeci o povão anunciei a última marca
e sai bem entonado com estampa de monarca
encilhei o meu cavalo e sai batendo na marca.