Eu sou o naco de fumo girando no fio da faca
Sou o poncho, fui barraca, para maragato e chimango
Sou branco, ruivo ou mulato, duas misturas de raça
Sou o gosto da cachaça num trago bueno de fato
Sou um desses gaudérios de alguma alma penada
Sou passa tempo da indiada nos rodeios de domingo
Sou peão igual ao pingo e ao meio risco da vida
Que apostam a própria vida , tu me derruba, eu em vingo.
Sou o tinir da roseta que esporeando o redomão
Sou o mangueiro, sou o galpão, casa grande de fazenda
Sou o vestido da prenda da donzela mais prendada
Sou o “s” de alguma adaga nos entreveros de venda.
Sou afinação de viola nos dedo do tocador
Sou a alma do pajador junto ao calor do tição
Sou a cuia de chimarrão beijando lábios a fora
Sou o vermelho as aurora clareando no meu rincão.
Sou o rio grande do sul da peleia e da coxilha
Sou o soldado farroupilha que nunca teve quartel
Sou ruínas de são miguel, redenção de tiaraju
Sou o choro do pé de umbu pra alguma china qualquer.
Sou a vertente da rocha da água meia azulada
Sou a marca no pó da estrada de uma carreta chorona
Sou teclado de cordeona, sou passo de chimarrita
Sou par da prenda bonita numa vanera marcada.
Sou poeta, sou o vento, sou a lenda que persiste
Sou o homem que canta triste , sou o choro do pantanal
Sou o relincho do bagual, sou o guardião quero-quero
Eu fui talhado em pau ferro pra ser historia imortal.
Pedaço (de fumo em corda ou de carne).
Aficionado tradicionário e político, que ostenta o lenço colorado com o nó quadrado (quatro cantos ou rapadura); esse vocábulo, na origem designava ladrão de moça, de cavalo, de gado, etc.
Bom.
Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.
Afetivo de cavalo de estimação.
Peça circular (dentada ou pontiaguda) da espora.
Jóia, relíquia, presente (dádiva) de valor; em sentido figurado, é a moça gaúcha porque ela é jóia do gaúcho.
Poeta e cantor de seus versos, geralmente feitos no repente e acompanhando-se de sua guitarra (violão).
Cabaça para chimarrear (ou matear); em guarany caiguá.
Contenda, disputa, combate, luta, batalha.
Seguidor Farrapo.
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Lugar de onde verte água.
Veículo rústico e primitivo meio de transporte coletivo ou de cargas que chegou aqui no Pago Gaúcho, vindo dos romanos para a península Ibérica, tendo origem na Mesopotâmia.
Som vocal dos eqüinos.