A intempérie quem vem da banda oriental
Se dando volta arrepia o firmamento
Pois o inverno que mete a cara e se ajeita
Trás seus anseios no contraponto dos ventos.
Esta lampana eu pede boca e se agranda
Virando o pêlo do eguedo da manada
É a promessa de que o tempo será malo
Templando enchentes e aragem fira das geadas.
Mais uma vez os ranchos pobres da fronteira
Serão trincheiras dos índios de sangue quente
Por que o inverno desta vez será bagual
E os "poquitos" vai castigando está gente.
Sorte paisano pois não falta um fogo grande
Que tenha brasa de sobra pra dois parceiros
Quem acolhera corpo, alma as labaredas
Sabe que o frio jamais entangui um fronteiro.
Então mateio num rancho que fiz pra dois
Pena que tantos não tem a mesma sorte
Porque o destino é uma tormenta mui braba
Que aquebranta quem não tem um corpo forte.
Mas menos mal que a primavera é uma esperança
Do índio quebra que a vida surra na calma
Se o sol é um poncho que aquenta carne e osso
O frio do inverno não logra o calor da alma.
Pelagem (cor dos pêlos) de animais.
Natural do mesmo país.
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.
Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.