(amaro peres)
e não tem nada, pode vir o mundo inteiro
que no bochincho me escapo, sou mais ligeiro
sou guampa torta, não fujo do entreveiro
e me defendo no estilo missioneiro
eu nasci cruza de sorro, sabiá e galo de rinha
guitarreiro e pajador, mas de faca na bainha
me agrada a roda de mate, pras prosas e ladainhas
sou cria da bossoroca, que das missões é vizinha
e não tem nada, pode vir o mundo inteiro...
com meu cantar missioneiro, todo rio grande se cala
pra ouvir quem tem história feita a facão e a bala
e não é qualquer jaguara que vai pisar no meu pala
tranço ferro até morrer e poucos são da minha iguala
e não tem nada, pode vir o mundo inteiro...
e a velha igreja pampeana que dos índios foi quartel
hoje me serve de sombra e eu fico mirando o céu
bordoneando a guitarra, do meu jeito sou fiel
e me sinto mais gaúcho nas ruínas de são miguel
e não tem nada, pode vir o mundo inteiro...