(Geraldo de Medeiros)
No fim de tarde, quando eu chego da lida
Cevo um amargo e me vou para o galpão
Pego a viola pra cantar uma milonga
Pois cantando me conforta o coração
Aquela prenda que não me sai da lembrança
Está distante, com saudade desse peão
Toda a semana a angústia me atormenta
Afogo as mágoas no aconchego do violão
Vou dedilhando e cantando esses versos
Com a lua cheia trazendo a inspiração
Pois um poeta não se entrega pras tristezas
Vai milongueando e espantando a solidão
Essa é a história da vida de um campeiro
Um índio taura que peleia a qualquer hora
Que não fracassa quando na vida tropeça
Vai cantando e milongueando vida afora
A noite chega e o cansaço me domina
Vou descansar e sonhar com minha amada
Acordar cedo que amanhã é sexta-feira
Pegar o pingo e cumprir minha jornada
O dia é longo e a pegada é das buena'
Lida de campo, correria de boiada
Fim de semana não tem cerca que me pare
Vou pro rodeio pra botar alguma armada
Bem pilchado, como é de meu costume
Chapéu tapeado e guaiaca recheada
Pego a morena, minha flor de formosura
Vou milongueando até o fim da madrugada
Essa é a história da vida de um campeiro...