(Geraldo de Medeiros)
Velha morada já não é mais o que era
O rancho virou tapera, tudo lá se transformou
Até a estrada que cortava as coxilhas
Se perdeu por outra trilha, pra outro rumo se bandeou
A ponte velha que eu passava quando piá
Também não tá mais lá, o arroio até secou
E o açude onde eu pescava lambari
Com meu pai e os guri', só a saudade restou
Velha morada dos meus sonhos de criança
Hoje vive na lembrança, te recordo a toda hora
Velha morada, verdes campos e canhadas
Arvoredo e passarada, minha infância lá de fora
Velha morada das caçadas de tatu
Do bem-te-vi e do anu e da cuscada ovelheira
Do boi Fumaça que puxava o arado
Do tordilho e do tostado, pingo bueno de carreira
Velha morada do açude da estrada
Dos banhos da gurizada para os dias de festança
Infelizmente aquele tempo passou
E a morada do vovô virou retrato na lembrança
Velha morada dos meus sonhos de criança...