Pego na gaita,
Canto esta melodia
Me lembrando de um baile
Que eu fui há poucos dias
Foi lá na serra,
Casa do Mané Romão
E eu tinha um companheiro
Que era o meu irmão
E o gaiteiro
Um gaúcho resolvido
Na gaita deu um tinido
E já começou a tocar
Tocou um xote
Pra dançar afigurado
Com seus versinhos rimados
Já começou a cantar
E uma morena
Do corpo enfeitiçado
Deu uma olhada pro meu lado
E já com ela fui dançar
Mas meu irmão
Com uma moça de encarnado
Saiu dançando apertado
Coisa de se invejar
Com a morena
Saí falando baixinho,
Devagar e bonitinho,
E o namoro se arrumou
Mas meu irmão
Com a moça de encarnado
Saiu muito apertado
E o pai dela não gostou
[- Também...
Na primeira música,
O xirú já sai dançando apertado daquele jeito...
Só podia dar no que deu: peleia!]
E à meia-noite
Deu uma briga lá num canto
Quebraram três, quatro banco
Nas costas do meu irmão
De madrugada
Se ferraram novamente
Fedeu a pau e porrete,
A revólver e a facão
[- É o baile na serra, moçada!]
Eu sou dos qüera
Que gostam do rebuliço
Já me meti no enguiço
Só pra ver o que ia dar
[- E o que é que deu, tchê?]
Me apertaram,
Me cercaram em cinco, seis
Dei uns tombo nuns dois, três
E não puderam me cortar
[- Não me cortaram porque eu sou ligeiro!
- Na faca?
- Não... pra correr quando vejo o perigo!]
E o meu irmão,
Índio mau de pensamento,
Arrancou das ferramenta
E muita gente ele cortou
E assim foi
Até clarear o dia
Pois ninguém mais se entendia
Até que o baile se acabou
[- E assim são os bailes da serra do Rio Grande
Gaiteiro bom, moça bonita, muita animação,
E de vez em quando uma peleia nos cantos...]
Palavra de origem guarany, pois nessa língua não existe vocábulos com o som da letra “L”.
Vivente amigo e companheiro; é um vocábulo síntese da palavra CHE (amigo) e da palavra IRÚ (companheiro).
Queda.
Contenda, disputa, combate, luta, batalha.