Sou cria da bossoroca lindeira ali de São Luiz
Não saio da minha toca se ali me sinto feliz
Pode não ser para os outros mas pra mim sempre será
Terra de livres e potros que alguém jamais tomará
Roda que roda e não anda
Rodando de mão em mão
A cuia é um mundo em ciranda
Na seiva do coração
Gosto da lida campeira nessa escola me criei
O laço e a boleadeira são lições que eu decorei
Achei o rumo seguro meu abc de campanha
E ao quebrar um queixo duro tirando-lhe balda e manha
Minha mestra foi a vida meu mundo meu professor
A lição mais bem sabida foi esta de cantador
Depois da lida de campo junto ao fogo do galpão
Tempero a guitarra e canto na roda de chimarrão
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Quando escaramuça no meu peito uma saudade
Agarro as garras pra encilhar meu estradeiro
E enquanto a tarde já se apaga pelos cerros
Minh'alma acende suas paixões e seus segredos
Depois a noite trás a lua leve e calma
Estes banhados erguem vozes e cochichos
Eu abro as asas onduladas do meu pala
Porque me bate a sede louca dos cambichos
Tiranas lindas que me arrastam pra um surungo
Num fim de mundo onde geme uma cordeona
Onde se embala minha alma de campeiro
Pelos luzeiros das miradas querendonas
Gringas mestiças e morenas cor de aurora
Negras e claras se confundem na fumaça
Meu coração é um barco errante nessas horas
Passando a noite sem saber que a noite passa
Mas quando o sol braseia as barras do horizontes
Só restam rumos e recuerdos pra seguir
Porém mais vale pra um gaudério esta saudade
Do que não ter saudade alguma pra sentir
Cabaça para chimarrear (ou matear); em guarany caiguá.
Apero (acessório) trançado de couro cru, composto de argola, ilhapa, corpo e presilha.
Apero indígena que serve para capturar bípedes (se for de duas pedras
Mânha.
Vivente aventureiro que chegou na Pampa, vindo do Brasil-central; não tinha profissão definida, nem morada certa e não se amarrava ao coração de uma só mulher