Mataram meus infinitos
E me expulsaram dos campos,
Da terra nasceram gritos,
Dos gritos brotaram cantos.
E me fiz canto de tropeiros e ervateiros,
Rasgando sulcos com arado e saraquá.
Nas alpargatas dos quileiros e chibeiros
Andei as léguas de corrientes e aceguá.
Meu canto é rio meu canto é sol meu canto é vento,
Eu tenho berço eu tenho pátria eu tenho glória,
Eu só não tenho a terra própria porque a história
Que eu escrevi me deserdou no testamento.
Entretanto bem ou mal não me emociono
Com os que combatem as verdades do meu canto.
Sem ter direito de comer nem o que planto,
Só não entendo é tanta terra e pouco dono.
Mas mesmo assim tenho pra dar um outro tanto,
Se precisarem do meu sangue noutra guerra.
Mesmo sem terra hei de voltar grito de terra,
Pelo milagre das espigas do meu canto.