(salvador lamberty/nilton ferreira)
É fim de lida da peonada da fazenda
a cavalhada sai pastando pela grama
o sol, em brasa, aninhou-se no horizonte
e o candieiro, encabulado, acende a chama
a dona chica arreda os bancos da varanda
a gaita velha sai berrando de uma mala
o setembrino passa a mão na filisbina
saíram que nem resina, grudaditos pela sala
não há surungo que suplante, nestas bandas
o arrasta-pé bem gaúcho tem valor
as querendonas ficam saltando da caixa
indiada criada guaxa se embriagando de amor
um peão arisco fica espiando da janela
e grela o olho, do tamanho de uma ameixa
a carmelina diz pra o juca te dou um beijo
se tu prometes que, depois, tu não me deixa
a noite esquenta só na área de contato
mesmo com a força do compasso da vaneira
e os encalhados, já sem brasa de ternura
vão procurando quentura no calor de uma lareira
não há surungo que suplante, nestas bandas...
a sala cheia, se dança até na cozinha
bem grudadinho, se dança no corredor
sempre tenteando que a claridade escasseie
pois o escurinho protege o galanteador
fim de semana, minh´alma sempre se agranda
carteio a sina nestes surungos de rancho
sou fandangueiro, pois assim a sorte ajuda
e nem o tempo não muda quem nasceu para o farrancho
não há surungo que suplante, nestas bandas...