(Paulino Viana)
Lá na querência onde moro, já estou acostumado
Levanto de madrugada, ouvindo o berro do gado
Faço um fogo no galpão e um chimarrão bem cevado
Vou repontando a saudade nuns golezito' espaceado
Me chamam de peão taipeiro, apelido que gostei
Eu sou aquilo que sou, porque mentir eu não sei
Mas, graças a Deus, eu digo que onde eu trabalhei
Raça, fibra e qualidade sempre foi o que mostrei
Meu pai também foi peão com fibra de índio macho
Também foi grande gaiteiro na cordeona de oito baixo'
Quando ele abria o peito, salão quase vinha abaixo
De bota e bombacha larga, chapéu grande e barbicacho
Herança que eu recebi deste velho companheiro
Que foi meu saudoso pai, gaúcho bem brasileiro
Índio puro de verdade, montava um bagual de'em pelo
Soube honrar a tradição deste chão xucro e campeiro
Pra cantar minha querência, não precisa que me mande
Hei de levar o teu nome em qualquer parte que ande
Peço a Deus, que é poderoso, que saúde ele me mande
Que eu possa gritar bem alto, sou mais um peão do Rio Grande