Quem já teve um pingo baio
Sabe o que é estar a cavalo
Eu tive um certa vez
Por isso sei do que falo.
Um flete baio encerado
Que me deram de regalo.
Por muito tempo parceiros
Bebemos da mesma fonte
Quando ainda havia tropas
Muitos dias de reponte.
Cruzando vãos e caminhos
Desfazendo os horizontes.
Pelas picadas escuras
Trocando orelhas arisco
Meu baio gato do mato
Corpo leviano, um prisco
Era um irmão do silêncio
Ou a chispa de um curisco
Que tempo aquele, meu baio
Das gaúchas comitivas
A peonada da fronteira
Dando de mão "pros" birivas
Conhecendo os quatro cantos
Da nossa pampa nativa.
Só ajeitava os arreios
Pra cruzar no Quaraí
Nadava até de cangalha
Como outro igual, nunca ví
Mal comparando um capincho
Cruzado com surubi.
Nas estradas e realengas
Dos corredores gerais
Meu baio lua encardida
Muito chão deixou pra trás
Ou pelos quartos de ronda
Que hoje nem existem mais.
Das histórias que deixamos
Muitas contei ao meu filho
Quando a saudade gaviona
Pega em armas no sarilho
Dois irmãos de reencontram
Unidos pelo lumbilho.
Que tempo aquele, meu baio
Das gaúchas comitivas
A peonada da fronteira
Dando de mão "pros" birivas
Conhecendo os quatro cantos
Da nossa pampa nativa.
Afetivo de cavalo de estimação.
Cavalo bom e ligeiro, de tiro longo.
Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).