(sobre a beira de uma estrada eu me encontrei com um velhinho
Que ao me ver churrasqueando me pediu um pedacinho
E me contou coitado todo, todo o seu passado
Que teve no seu caminho
Senhor eu sou um homem velho, mas sou um velho de brio
Eu nunca fui vagabundo eu vivo assim pelo mundo
Tristonho sem ter auxilio, mas fui homem que trabalhei
E gastei tudo o que ganhei para dar estudo ao meu filho
Foi pena que esse meu filho depois de moço formado
Casou-se com uma moça filha de um rico afamado
E ela me escorraçou e o meu filho concordou
Por isso eu vivo atirado assim faço meus trabalhos
Já velho sem agasalho e eles num bom sobrado
Minha mulher de paixão já está embaixo do chão
Não vive mais a meu lado e ainda por judiação
Me correm do seu portão esquecendo o seu passado)
Manda os criados me correrem do portão
E o meu filho nem sequer na porta sai
Agrada o sogro que é o pai da mulher dele
Por causa dela esqueceu que eu sou seu pai
E nem sequer reconhece o sacrifício
Que eu fiz na vida pra manter o seu estudo
Não guardei nada para manter a velhice
Porque eu com ele o que eu tinha eu gastei tudo
Hoje velhinho enfraquecido desse jeito
E solitário no mundo sofrendo assim
Maldito estudo que eu lhe dei sem ter proveito
Ser pai de filho e não ter ninguém por mim
Quando eu tombar no meu derradeiro sono
Faça uma cova e uma cruz de pau do mato
E um letreiro: morre um pai no abandono
Por dar estudo a um filho tão ingrato