Peço licensa meu povo, uso de linguagem pura,
Fui criado no interior, e tenho pouca cultura,
Por ser de família pobre, sempre levei vida dura,
Quando eu chego o povo fala, "vejam que raça baguala,
A fina flor da grossura".
Sou grosso por natureza, pouco entendo de finura,
Meu dialeto é campeiro, comigo não tem frescura,
Não compro gato por lebre, corvo por galinha escura,
Pouca coisa não me abala, eu sou de raça baguala,
A fina flor da grossura.
Canto e toco porque gosto, e o povo não me censura,
Dizem que o grosso está solto e que ninguém mais segura,
Anuncio o novo dia para gerações futuras,
Meu verso na mente estala, eu sou de raça baguala,
A fina flor da grossura.
Pouco conheco tristeza, males que meu verso cura,
Sei que tenho meus defeitos, mas não sou má criatura,
Pouco sobrará de mim se tirar minha tortura,
Vindo me enrolar se rala, eu sou de raça baguala,
A fina flor da grossura.
Patrão da estância Maior, mande saúde e ternura,
Pra este povo buenacho que me aplaude e me atura,
Minha cantiga de grosso espero que esteja a altura,
Por sermos da mesma ala, e eu ser de raça baguala,
A fina flor da grossura.
Vila, distrito.
Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.
Muito bom.