Nasci num rancho de barro, na beira de um corredor
Cresci no lombo do pingo, fui tropeiro e domador
O mundo foi meu colégio e não tive o privilégio
De aprender com professor
Aprendi a amar a deus, por instinto e vocação
E pouco a pouco formando minha xucra devoção
Do laço fiz um rosário e construí um santuário
Com os aperos do galpão
Fiz a pia batismal da água clara da sanga
No verso fiz oração, a hóstia fiz de pitanga
O sermão fiz benzimento para o bicho peçonhento
Que mordeu meu boi de canga
Minha bíblia foi o fole da sanfona de oito baixos
Que eu abria sobre o manto do couro de um potro guacho
Meu chapéu foi sacristia, fiz as contas de maria
Nos flecos do barbicacho
Do pala fiz a batina, eu mesmo fui o vigário
A canha fiz de água benta, me batizei solitário
São presentes do destino, que ganhei quando menino
Não tem valor monetário
Na estância grande o céu, o patrão há de ter pena
E reservar um cantinho pra quem na vida terrena
Cresceu xucro sem batismo e só leu o catecismo
Nos olhos de uma morena
(Valdene Vidal/Valdomiro Vidal)
Primeira habitação erguida no Continente de São Pedro, edificada com material que abundava no local (leiva, torrão, pedra ou pau-a-pique e barreado), coberto com quincha.
Apero (acessório) trançado de couro cru, composto de argola, ilhapa, corpo e presilha.
Preparos necessários para a encilha.
Cavalo novo que ainda não levou lombilho.
Franjas do “Tirador” (pilcha de trabalho).
Poncho leve de seda (para o verão), de algodão (para meia-estação) e de lã tramada ou bixará (para o inverno).
Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.
A maior autoridade de uma Estância, Fazenda ou CTG.
Selvagem.