(Bruno Neher)
Pra minha prenda eu mandei esse recado
Que no próximo feriado não ia lhe visitar
Ia correr o zaino do seu Rodrigo
E, como ele é meu amigo, eu não podia faltar
Chegando o dia, já me bandeei pras "carreira"
Numa égua parideira que muito já me ajudou
Ganhei uns trocos e bebi com meus amigos
Pois o zaino do Rodrigo a tal carreira ganhou
Dali uns dias, quando eu estava em casa
Alguém veio botar brasa num assado que era meu
E me contou que a minha rica prendinha
Foi dançar numa festinha e pra outro se vendeu
Fiquei cabrito, mas logo fui me acalmando
Porque quem vive jogando sabe ganhar e perder
Que vá pro inferno esta chinoca mesquinha
Que por uma visitinha já deixou de me querer
Sou carinhoso e gosto de dar agrado
Mas andar enrabichado me faz sentir esquisito
E tem mulher que sabe, mas não consente
Que, às vezes, o vivente precisa sair solito
Eu sou daqueles que não liga pro azar
Se perder ou se ganhar, da parada não dispara
Com tanta china na chuleada e na tocaia
Não falta um rabo-de-saia pra quem tem barba na cara
Sou índio guapo na cancha reta do amor
Somente sou perdedor quando a china não me agrada
Em artimanha, ninguém me dobra o topete
Chego a marcar dezessete correndo em terra lavrada
Não vai ser fácil me matarem no cansaço
Pois não é qualquer abraço que vai me aprisionar
Ditado antigo que todo mundo aconselha
Cachorro que come ovelha, só matando pra parar