(Albino Manique/Bruno Neher)
Eu tenho meu canivete, foi presente do meu tio
Conservo como relíquia pelo que já me serviu
Meu canivete pitoco, desde piá me acompanha
Fosse nas festas do povo ou nas lidas de campanha
Descasquei cana de açúcar, laranja e abacaxi
Fiz forquilha pra bodoque, destripava lambari
Quando piá, meu pai dizia, pelo jeito e pelo estilo
Teu canivete, meu filho, só serve pra castrar grilo
Meu canivete eu trazia, afiado que nem navalha
Com ele já castrei porco, piquei fumo e cortei palha
Dos meus pés, quantos espinhos meu canivete tirou
Daria tropas e tropas dos touros que já castrou
Meu canivete pitoco, de tanto afiar em rebolo
Das facetas do passado a lembrança é o consolo
Eu e o meu canivete, dentre ganhas e perdidas
Seguimos cortando rente as tristezas dessa vida
Daria um talho maior que o maior dos bretes
Se emendassem os talhos que já deu meu canivete