Viramundo
Sensitivo (2009)
Luiz Marenco
A tarde escondia a cara
Sobre o meio de um agosto
A noite, estendendo o braço
Me alcançava seu poncho
Os últimos paus de astilhas
Retovavam junto ao fogo
Soltando branca fumaça
Quando, ali, alcei o voo
Assim, me fui viramundo
Tentando campear a estrela
Que bem aqui, junto a mim
Já me bastava em vê-la
Mas, cuê-pucha, é a vida
Pra manguear o pão, parceiro
Quando se é gaúcho pobre
Em qualquer lado, é matreiro
E, recostando as espaldas
Que apoiei sobre o lombilho
Sigo aqui, tal quanto fui
Sem um cavalo de tiro
Quebrei queixos de cavalos
Que dava gosto de vê-los
Mas não tive, por tropilha
Tanto mais que um só pêlo
Viramundo, viramundo
Pois, de fato, assim sou eu
Mas tive sempre o pão nosso
Pra que mais pedir a Deus?
E, recostando as espaldas
Que apoiei sobre o lombilho
Sigo aqui, tal quanto fui
Sem um cavalo de tiro
Quebrei queixos de cavalos
Que dava gosto de vê-los
Mas não tive, por tropilha
Tanto mais que um só pêlo
Viramundo, viramundo
Pois, de fato, assim sou eu
Mas tive sempre o pão nosso
Pra que mais pedir a Deus?