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Como Será O Fim

10 Desafios Inéditos - Teixeirinha e Mary Terezinha (1982)

Teixeirinha

Ele
Quando a sanfona se abre
E o violão entra de manso
Ghega um improvisador
Naquele passo de ganso
Se acaso eu tiver por perto
O passo dele eu acerto
Sem lhe vencer não descanso

Ele
Sem lhe vencer não discanso
Certa vez um tal de onofre
Chegou fazendo proposta
E eu disse hoje tu sofre
Levei o dinheiro dele
Não esqueço o dia aquele
Que nem mexi no meu cofre

Ela
Que nem mexeu no teu cofre
Acabou tua miséria
Eu estou chegando agora
Andava meio de férias
Mas quando ouvi o teu papo
Me atravessei que nem sapo
Prá tratar de coisa séria

Ele
Prá tratar de coisa séria
Ninguém me causa transtorno
Não tinha te visto aí
Mas tu me fez o retorno
É antiga a nossa richa
Mas nem que tu te remecha
Não tira o pão do meu forno

Ela
Não te tiro o pão do forno
Teixeirinha não me inerva
Eu tiro o pão do teu forno
E a cebola da conserva
E atiro tudo prá cima
Porque no verso e na rima
Nunca fiquei na reserva

Ele
Nunca ficou na reserva
Quem quiser que se arremangue
E traga o talão de cheque
Mary eu quero que te zangue
Não me ganha e não me furta
Tu vai ver que a coisa encurta
Depois que ferver o meu sangue

Ela
Depois que ferver o teu sangue
Enbrabesse esquenta a cuca
Traga o dinheiro e o juiz
Que hoje eu encho a combuca
Minha idéia está fervendo
Traz o dinheiro correndo
Se não eu fico maluca

Ele
Se não tu fica maluca
Mas hoje tu perde a fila
Toma cuidado menina
Que o teixeirinha não coxila
Te venço sem sacrifício
E construo um edifício
Prá sombriar na tua vila

Ela
Prá sombriar na minha vila
Constrói um arranha-céu
Não quero sombra na vila
Onde o sol faz escarceu
Lá o meu povo é liberto
E que te venso estão certo
Dinheiro roupa e chapéu

Ele
Dinheiro roupa e chapéu
Tu tá ficando caduca
Construo o arranha- céu
Perto da tua arapuca
E prá falar a verdade
Vou transformar em cidade
Tua vila michuruca

Ela
Minha vila michuruca
Então constrói se és macho
Espero ele ficar pronto
Depois eu faço o que eu acho
Será mesmo indiscutível
Ponho uma bomba explosivel
E o teu prédio vem prá baixo

Ele
E o meu prédio vem prá baixo
Isso é pior que um furto
Talves tu pegue uma febre
E essa febre vire surto
Aí da vila tu sai
Porque o meu prédio não cai
Com bomba de paviu curto

Ela
Com bomba de paviu curto
Cai tijolo por tijolo
Cai ferro cimento e cal
Depois eu dismancho o bolo
Continua o meu casebre
E o teixeirinha que se quebre
Que nem água de manjolo

Ele
Que nem água de manjolo
Moça linda e orgulhosa
Depois de meu prédio pronto
Tu dirá coisa mimosa
Na frente terá um jardim
E tu vai chegar prá mim
Prá me pedir uma rosa

Ela
Prá te pedir uma rosa
Morei no teu pensamento
Depois vai querer me dar
O mais lindo apartamento
Aí eu vou mais além
Quero o coração também
E te presto um juramento

Ele
E me presta um juramento
Fiquei surdo fiquei mudo
Aceito o teu juramento
E o teu pedido graúdo
Para a gaita e o violão
E leva o meu coração
Com tripa mondongo e tudo


Ele e ela
Com tripa mondongo e tudo
Na vila terá asfalto
E o nosso apartamento
Será aquele mais alto
Terá conforto e mordomo
E a nova vida eu retomo
E contigo jamais me exalto.


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