Parada Dura
Guerra dos Desafios - Teixeirinha e Nalva Aguiar (1984)
Teixeirinha
Ela
Sou a valva guiar
Na rima tenho capricho
Cento e vinte baixos tem
Esta gaita que espicho
Nada me serve de estorvo
Eu quebro a asa do corvo
E acaba a fama do bicho
Ele
E eu sou o teixeirinha
Bom na rima e no gatilho
Seis cordas de ouro tem
O violão que eu dedilho
Nada me causa transtorno
Ferro quente eu deixo morno
Depois que marco o novilho
Ela
Depois que marca o novilho
Eu hoje estou de jejum
Trovador prá me vencer
No brasil não tem nenhum
Eu tenho fome de verso
Vou viajar no universo
Prá ver se encontro algum
Ele
Prá ver se encontra algum
Não cansa eu não me canso
Se tu sair viajando
Eu vou atrás e te alcanso
Toma a bebida que eu tomo
Come a comida que eu como
E a tua idéia eu balanço
Ela
E a minha idéia balança
Balança mas não destrói
Meu verso é chapeado a ouro
Nem o próprio rato rói
Me destaco na pronúncia
E o cantor pede a renúncia
Na hora que o peito dói
Ele
Na hora que o peito dói
No verso sou estratégico
Prá vencer quem canta bem
Deus me deu o previlégio
Tu rimas bem eu enchergo
Mas a fama que eu envergo
Não foi buscada em colégio
Ela
Não foi buscada em colégio
Deus te deu prá usufruir
Mas com toda esta virtude
Não faz eu me redimir
Minha idéia ninguém furta
E deixo de língua curta
Quem falar de mim ou rir
Ele
Quem falar de ti ou rir
Eu não vou rir mas eu zombo
Quanto mais alta a mulher
Maior é o tombo
Tua pimenta não arde
Espere logo mais tarde
Teu lindo quarto eu arrombo
Ela
Meu lindo quarto arromba
Voltasse a estaca zero
Como podes fazer isso
Sem saber se eu te quero
Pensei ser um homem fino
Mas não passas de um cretino
Com a tranca na mão te espero
Ele
Com a tranca na mão me espera
Não querida não te inflama
Sou um cavalheiro fino
Respeto muito uma dama
Só vou matar uma cobra
Que anda fazendo manobra
Debaixo da tua cama
Ela
De baixo da minha cama
Credo em cruz é cascavel
Tome a chave e não arrombe
Cumpre o teu lindo papel
Desculpe eu pensei errado
É que nunca foram beijados
Os meus lábios de mal
Ele
Os teus lábios de mal
Pronto a cobra já está morta
Não tenhas medo meu bem
Saí de trás da porta
Viste eu sou um fino homem
Mas agora estou com fome
Só o teu mel me conforta
Ela
Só o meu mel te conforta
Não sei estou tão confusa
Quem sabe tu fala mais
Qual o perfume que usa
Eu acho que fiquei louca
Come o mel da minha boca
Mas jura que não abusa
Ele
Eu juro que não abuso
Eu também sou virgilino
Ouço a voz do delegado
O padre a igreja e o sino
Dá mais mel que mel gostoso
Chegou o velho furioso
O que que é isso menino
Ele/ela
Resta agora o casamento
Em lua de mel eu parto
Quando nós chegar na lua
De comer mel estou farto
O favo tem mel de osbra
Azar eu matei a cobra
E entrei de sócio no quarto