Paisagens Perdidas
Paisagens Perdidas (1994)
Jayme Caetano Braun
A tarde recorre um ano
Carqueija e caraguatá
Na corticeira um sabiá
Floreia o último canto
Alargando o gargarejo
Da sanga que se desmancha
A um eco pedindo cancha
No primitivo falquejo
A lua nasce num beijo
Prateando o lombo do serro
E um grilo acorda o cincerro
Do meu retiro de andejo
Paisagens de campo e alma
Perdidas no vem e vai
Soluços do Uruguai
Que bebe lua e se acalma
A noite passa, a mão salva
Com ela vem a saudade
Olfateando a claridade
Das brasas da estrela D'alva
Nascem rugas no semblante
Paisagens da natureza
Que a força da correnteza
Não pode levar por diante
Então exigem que eu cante
Quando me encontro desperto
Mas sempre que chego perto
Meu sonho está mais distante
Paisagem de sombra e luz
Como é que pude perdê-la
Ficaram as cinco estrelas
Fazendo o sinal da cruz