A Copla de Assoviar Solito
Acervo Gaúcho (COLETÂNEA) (1998)
Wilson Paim
Meu pai um dia me fazia moço
E me levando para camperear
Assoviava qualquer coisa doce
Como se fosse de luz de luar
Aquela copla que não era um hino
E era simples e era só sua
Ia amansando nossa vida adulta
Ia adoçando duas almas puras
A copla terna que meu pai trazia
Não transcendia para alguém mais eu
Era a essência do lugar da arte
Ensimesmada no seu próprio ser
Não se achegava ao redor do fogo
Nem vinha junto pro galpão da estância
Era parceira apenas campo afora
Só sem querer me acalentava a infância
Hoje a lo largo na cidade grande
Quando vagueio a procurar por mim
Me dou de conta assoviando a esmo
E me interrompo sem chegar ao fim
A minha copla de assoviar sólito
Tropeando ruas numa relembrança
É aquela mesma que meu pai trazia
Que estranhamente me deixou de herança
A copla terna que meu pai trazia
Não transcendia para alguém mais eu
Era a essência do lugar da arte
Ensimesmada no seu próprio ser
Não se achegava ao redor do fogo
Nem vinha junto pro galpão da estância
Era parceira apenas campo afora
Só sem querer me acalentava a infância