Cesar Oliveira e Rogério Melo

Na Boca da Noite

2000

Tropeando Para o Saladeiro

Tropa grande, aferrolhada – contrabando da fronteira –
A comitiva tropeira se quarteando no fiador.
A cavalhada de muda na frente da gadaria
E o munício do iguaria com o madrinheiro-ponteador.

Na culatra a polvoadeira se ergue em redemunho,
O guizo – encanto terrunho – talareia com as rosetas.
O bate-casco da marcha abrindo sulcos na pampa,
Ecoa estouros de guampa – moldando uma silhueta.

Preso às argolas do basto – poncho e saudade emalada –
Bolindo acocho espumada com o laço – couro de touro.
'Alambral' sobre a badana para um reponte bicheiro
E um pedestal pros arreios – talhado em pêlo mouro.

Desemboca o corredor a tropa que vêm cansada,
Campeando pouso e aguada, parador, pastagem buena
E uma cama de recaus pra quem não ficou na ronda,
Até a noite se alonga, sonhando várzeas morenas.

O 'Quarto Chico' embuçala o colorado da aurora
Pra escramuçar campo afora com alvorecer tropeiro,
Nos bretes do marca talho as pontas passam em contagem,
Rumbeando a guapa viagem do carma de um Saladeiro.

Tropa entregue no destino – volvem os centauros vaqueanos –
Deixando o vácuo pampeando no purgador da charqueada.
Então os arreios sovados regressam aos galpões da estância
Pra faturar circunstâncias de changuear com tropa alçada.

Dicionário gauchês

TROPA MUNÍCIO CULATRA BASTO PONCHO LAÇO BADANA ARREIOS PÊLO ESCRAMUÇAR TALHO

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