Batendo "Cangala"
Retrato de Pampa e Invernada (2005)
Cesar Oliveira e Rogério Melo
A ânsia é baguala por baile me adula, pois hoje faceiro
Me juntei com uns pila e logo de noite o retoço é uma
Fula, e logo de noite o retoço é uma fula, com china e
Cordiona no ranço da vila.
Banho de sanga e os trajes de gala me fazem teatino
Cruzador de estrada, mas se uma morena me tenteia o
Pala, mas se uma morena me tenteia o pala troco de
Rumo nesta madrugada.
O tio pequeno enruga a sobrancelha a gaita velha se
Arrasta num choro até de espora a indiada sapateia, e
A sala fica igual cova de touro.
Depois de um dia lidando com o gado banho e refugo
Na estância e no posto, venho no rasto das beiço
Pintado, talvez na farra eu encontre um encosto.
Sou índio quebra crioulo da costa, lá plantando
Nasce e o que nasce se cria eu sou bagual mas é assim
Que ela gosta, então deixa que corra o mês por trinta
Dia.
A lua cheia espia nas frestas a polvadeira na
Quincha se agarra e eu de chapéu bem quebrado na
Testa, e eu de chapéu bem quebrado na testa, procuro a
Volta mais mansa na farra.
Sigo metendo, pois tirar não custa: conforme o dito
É assim que se faz, dançando frouxo um cambicho se
Ajusta e se atraco não afrouxo mais.
Nesta rancheira passo a noite inteira, me
Destorcendo e batendo cangaia meio lunanco num tranco
Socado, mas bem agarrado num rabo de saia.