De Ponta À Ponta
Um Canto de Fronteira (2002)
Leonel Gomez
(léo ribeiro/zezinho)
igual o sopro do vento vagando de cima a baixo
este jeitão de buenacho, busquei no rio grande antigo
a bombacha de dois pano e o chapelão debochado
é o campeirismo estampado que anda sempre comigo
tem gente que vive triste tendo mais do que precisa
e eu, de guaiaca lisa, troteando de venda em venda
mesmo assim, eu ando alegre, meu campeirismo não gasta
pois ser gaúcho é o que basta pra um nativo das contendas
neste viver a lo largo, descobri minha vocação
foi quando botei a mão num teclado de cordeona
daí por diante, cantei as coisas da minha gente
e aquilo que o peito sente quando, no mais, se apaixona
canto a fibra do gaúcho, genuíno nos seus costumes
o riograndense resume as glórias que a história conta
onde também se desponta, além de outros regalos
a gaita, o cusco e o cavalo, parceiros de ponta a ponta
e me acompanha o orgulho de viver sem lombo arqueado
igual juncal de banhado, rebroto a cada falência
é lindo quem tem tenência, é belo ter galhardia
feliz de quem teve, um dia, o rio grande por querência