Martim-pescador
Dos Festivais, da Vida! - Coletânea (2003)
Wilson Paim
Não é dourado, gromatã nem surubi
O rio é baixo, não precisa de canoa
Ele só quer um pequeno lambari
Que vê prateando sob os pingos da garoa
Cada galho para ti é um pesqueiro
Para mim, cada pesqueiro é um sofrimento
Com sol e chuva, e o vento frio do pampeiro
Noite e dia levantando acampamento
(todos te chamam de martim pescador
Quando mergulhas afogando tuas mágoas
Porque tu pescas todo dia por aí
E o teu trabalho é só botar o peito n'água)
Bicho homem não pesca de peito aberto
E pega o peixe numa luta desigual
Mas não te assustas, companheiro, o longe é perto
Para quem vai buscar o pão ao natural
Ah, se eu tivesse outro ramo de negócio
E que não fosse o de explorar a natureza
Não estaria te roubando, velho sócio,
Pra mim é isca o que é pão pra tua mesa
(todos te chamam de martim pescador
Quando mergulhas afogando tuas mágoas
Porque tu pescas todo dia por aí
E o teu trabalho é só botar o peito n'água)