Estancia Velha, Sou Eu
Por Ter Querência na Alma (2002)
Joca Martins
Estância velha, sou eu
Que sinto... Que penso e canto
...ofereço este acalanto
Ao que foste e que resiste
Ao progresso duro e triste
Que ameaça teu valor...
...dor, angustia e dissabor
Que a despatriar-nos insiste
Estância velha, sou eu
Que sinto... Penso e sonho...
...como um angüera tristonho
Pelos ermos campos vastos
...com saudade dos meus bastos...
Sangas, grotões e peraus...
Tropas cruzando o vau
Do rio deste tempos gastos.
Estância velha, sou eu
Que sinto... Que penso e sei:
És o legado que herdei
Dos sonhos dos meus antigos...
... Testamento proferido
-timbrado a pó de mangueira
Inventario de fronteira
Dos meus terrunhos sentidos...
Estância velha, sou eu
Que sinto... Que penso e faço...
Sou o derradeiro laçaço
De resistência em defesa
Da cultura e da nobreza
De não suportar teu fim...
...que não quer que seja assim
A roubarem-te a beleza
Estância velha, sou eu
Que sinto...que penso e falo...
... Sou centauro de a cavalo a render-te este lamento
E nombrar-te aos quatro-ventos
Como gaúcho sem dono
-testemunha do abandono
Dos teus últimos intentos...